Como a doença de Parkinson pode interferir na alimentação ?
Dependendo
da fase da doença, da dose do medicamento ou da etapa do tratamento, podem-se
observar alguns sintomas que dificultam uma alimentação adequada, fazendo com
que o estado nutricional do parkinsoniano fique prejudicado, necessitando de
intervenção de um profissional de nutrição e ajuda de outros profissionais e da
família.
Muitas
vezes, o indivíduo com a Doença de Parkinson já está inserido no grupo da
terceira idade e, dependendo do seu modo de vida, pode apresentar outros
problemas relativos à saúde, como a hipertensão, hipercolesterolemia,
osteoporose, problemas cardiovasculares, distúrbios genitourinários,
entre/outros. Desta forma, devemos considerar as manifestações das diversas
doenças quando vamos alimentar-nos. Uma dieta bem orientada pode ajudar-nos a
vencer as dificuldades.
Vários
fatores podem apresentar-se como risco para falta de apetite, perda de peso e,
conseqüentemente, má nutrição. São eles:
- A aposentadoria reduzida e
muitas vezes adquirida muito cedo;
- Isolamento da família e/ou
da sociedade;
- A não-aceitação da doença;
- A existência de outras
doenças conjuntas;
- Problemas de dentição e
dificuldades de mastigação e deglutição (ato de engolir os alimentos
líquidos e/ou sólidos);
- Depressão e, em alguns
casos, demência;
- Pouca atividade física e
imobilidade;
- Medicamentos usados na fase
inicial da doença (anticolinérgicos, como Artane e Akineton, entre
outros), interferindo na absorção intestinal, dificultando o seu
funcionamento, provocando náuseas, vômitos, intestino preso ou boca seca
(dificultando a formação normal do "bolo alimentar"), reduzindo
a sensibilidade do paladar e do olfato;
- Dietas não orientadas por
profissional da área de nutrição;
- Aumento do metabolismo e
conseqüentemente das necessidades energéticas, facilitando a perda de
peso;
- Falta de equilíbrio para
preparar a sua própria alimentação ou inexistência de outra pessoa que
possa fazê-lo.
- Problemas com a postura e
dificuldade em manter-se ereto à mesa;
- Dificuldades motoras ara
manusear os talheres (levar o talher à boca, cortar os alimentos) devido
ao tremor e/ou à rigidez;
- Os movimentos do esôfago
que ajudam a "empurrar" os alimentos para o estômago podem
estar prejudicados, provocando engasgos e dificultando a deglutição;
- Tremor e rigidez,
especialmente nos músculos da face, dificultando a mastigação e
deglutição;
- Abuso de bebida alcoólica e
de medicamentos;
- Hábitos alimentares
inadequados;
- Descaso com a própria
saúde.
Como obter uma alimentação saudável ?
A
alimentação é fator essencial para manutenção ou recuperação da saúde. As
atividades diárias de trabalho, diversão, exercício físico e o auto cuidado
dependem diretamente do que e de quanto comemos. Tanto a qualidade quanto a
quantidade dos alimentos ingeridos devem ser avaliadas, pois a combinação dos
dois fatores pode nos trazer benefícios específicos. Sexo, altura, atividade
física, estado nutricional, existência ou não de outras doenças e dificuldades
físicas ou mentais influenciam direta ou indiretamente nossa dieta.
O que são nutrientes ?
Os
nutrientes, inclusive a água, são substâncias que estão inseridas nos alimentos
e desempenham funções variadas no nosso organismo. São eles: proteínas,
gorduras, carboidratos, vitaminas, minerais e fibras. Podemos encontrá-los
em alimentos diferentes, por isso devemos variar ao máximo nossa alimentação. O
nutriente que encontramos em um podemos não encontrar em outro e vice-versa.
Os
nutrientes estão presentes em quantidades diferentes nos alimentos. Nenhum
alimento é completo (exceto o leite materno para crianças até 6 meses), ou
seja, possui todos os nutrientes em quantidades suficientes para atender às
necessidades do organismo.
O que devemos comer diariamente para ter uma
alimentação adequada ?
- Grupo de carnes, peixes, aves, ovos e leguminosas
As carnes
vermelhas (incluindo as vísceras, linguiças, salsichas e presuntos) e as
brancas (peixes e aves) são alimentos ricos em proteína e, portanto, chamados
de alimentos construtores. A proteína está envolvida na formação e manutenção
de células, tecidos do nosso corpo e órgãos (coração, pulmão, intestino, pele,
etc.), hormônios e anticorpos para proteção do nosso organismo contra as
doenças. Nas carnes vermelhas, peixes e aves podemos encontrar o ferro, também
considerado nutriente construtor, devido à sua função. Ele participa da
formação das células vermelhas do sangue, prevenindo a anemia, muito comum
naqueles indivíduos que não ingerem quantidade suficiente destes alimentos.
Qual a
quantidade de carne que devemos ingerir ?
As carnes
devem ser ingeridas na quantidade média de 100 g por dia, o que significa um
pedaço médio (ver lista de carnes).
- Grupo dos laticínios
Este
grupo é fonte de proteína e é insubstituível quando se trata de cálcio, mineral
envolvido na formação e conservação de ossos e dentes. Com o envelhecimento,
perdemos massa óssea, o que pode ser agravado por vários fatores, tais como uso
de medicamentos (diuréticos, antiácidos e outros), redução da atividade física
e imobilidade, menopausa, doenças crônicas, baixo consumo de alimentos que
contenham cálcio, fumo excessivo, entre outros.
Principais
alimentos
Ricos em cálcio
Alimentos ricos em cálcio=300 mg de cálcio
Alimento
|
Quantidade
|
Leite
|
1 copo grande (250 ml)
|
Iogurte
|
1 copo grande (250 ml)
|
Queijo branco
|
1 fatia média (30 g)
|
Para
obtermos uma quantidade adequada deste mineral, devemos ingerir 1200 mg/dia,
que correspondem a 3 copos de leite e iogurte e uma fatia de queijo. Para
aqueles que já têm osteoporose, são necessários 1500 mg/dia. Veja a tabela na
página anterior e verifique quanto de CÁLCIO você está ingerindo por dia.
Hoje
temos disponível no mercado o leite enriquecido com cálcio ("Cálcio
Plus"), o que significa que se você tomar um copo de leite ( 250 ml ),
estará ingerindo o dobro de cálcio existente no leite comum. É uma boa
alternativa para aqueles que não têm o hábito de tomar leite, iogurte ou comer
queijo.
A melhor
escolha de queijo é o tipo minas frescal que tem quantidade menor de gordura
que os outros (parmesão, prato, gorgonzola, etc.).
O iogurte
pode ser usado em substituição ao leite, na mesma quantidade, e os tipos
desnatados são indicados para aqueles que têm colesterol alto ou estão com o
peso corporal acima do recomendado.
Os leites
e substitutos são também fonte importante de proteína.
DICA: A
manteiga e o creme de leite, apesar de serem derivados do leite, não podem ser
usados como fornecedores de cálcio e nem de proteína. Eles fornecem gordura.
A proteína pode interferir na utilização da levodopa pelo organismo?
Sim. A
proteína que encontramos nas carnes vermelhas ou brancas nos laticínios (leite,
iogurte e queijos) e ovos pode interferir na utilização da levodopa. Esta
interferência depende da resposta de cada organismo ao tratamento com a
levodopa. O que acontece é que, tanto no intestino quanto no cérebro, a
proteína e a levodopa são absorvidas no mesmo local e ao mesmo tempo. Só
podemos, porém, absorver uma de cada vez. Se estas duas estão juntas, uma
prejudica a outra. Elas entram em competição e quem sai perdendo é geralmente a
levodopa, que acaba não produzindo o efeito terapêutico desejado. Isto ocorre
com maior freqüência naqueles indivíduos que têm grandes flutuações no
tratamento.
Alguns
estudos têm mostrado os benefícios de uma dieta com menor quantidade de
proteína e o consumo da mesma em horários mais distanciados do uso da levodopa.
O que acontece é que, de um modo geral, as pessoas costumam consumir excesso de
proteína (muita carne, presuntos, hambúrgueres e outras preparações).
Qual a quantidade de alimentos proteicos que devemos ingerir?
Temos as
seguintes alternativas para melhorar esta situação:
- Ingerir os alimentos
proteicos em horário distante do uso da levodopa (½ a 1 hora antes da
refeição na qual costumamos ingerir carne branca ou vermelha, leite,
queijo, iogurte e ovos).
- Deixar para ingerir as
carnes ou ovos no jantar (horário em que geralmente não temos tantos
compromissos sociais e costumamos ficar em casa, para dormir logo depois).
Quantidades
de carnes que devem ser ingeridas por dia (escolha um tipo)
- Carne assada = 1 fatia
média
- Carne cozida em pedaços = 2
pedaços grandes
- Carne moída = 2 colheres de
arroz médias (não muito cheias)
- Almôndega = 3 unidades
médias
- Salsicha = 3 unidades
- Sardinha = 1 lata pequena
(sem óleo)
- Atum = ½ lata
- Frango ensopado = ½
sobrecoxa média ou ½ peito médio
Obs.: Para evitar enjôos quando fizer uso da medicação,
procure comer junto alimentos como frutas, sucos de frutas ou bolachas Cream
Cracker.
Frutas,
Verduras e Legumes
Este
grupo de alimentos é importante como os outros e é muito variado. Frutas,
verduras e legumes são ricos em vitaminas, minerais e fibras, que podem ajudar
muito no funcionamento intestinal. As frutas, as verduras e os legumes são
considerados alimentos reguladores, (já que regulam o funcionamento do
organismo). Além disso, algumas funções do organismo podem ser controladas: há
melhoria da resistência às infecções; formação e proteção de pele, olhos,
cabelos, unhas e dentes; manutenção dos processos digestivos e de absorção de nutrientes;
participação em várias reações de formação e renovação de células e
funcionamento de órgãos.
Não há
como dizer que não gostamos de algum representante deste grupo. Maça, banana.
Laranja, morango, melancia, pêssego, tomate, alface, couve, cenoura, beterraba,
abobrinha e todas as outras frutas, verduras e legumes podem ser consumidos à
vontade.
Vitaminas
A Vitamina A é importante para a visão e a formação da pelo, dos
cabelos e das unhas. A sua carência causa lesões na córnea, cegueira noturna e
ressecamento da pele.
Onde encontramos a Vitamina A?
Podemos
encontrá-la nas frutas e vegetais alaranjados e verde-escuros (cenoura,
abóbora, batata-doce, mamão, manga, caqui, brócolis, couve, espinafre, acelga,
almeirão e outros) Encontramos a vitamina A também nos alimentos de origem
animal (leite integral, queijos, creme de leite, manteiga, gema de ovo e
fígado).
A Vitamina C está envolvida em processo de cicatrização e
resistência às infecções, aumento da absorção do ferro do feijão e outras
leguminosas (grão de bico, soja lentilha).
A vitamina C pode ajudar no tratamento ou na cura
da doença de Parkinson?
Alguns
estudos tentam mostrar a função antioxidante da vitamina C, inclusive para
diminuição da progressão da doença de Parkinson. Porém, a eficácia deste
tratamento ainda não foi comprovada.
Quais alimentos contêm a vitamina C e que
quantidade devemos ingerir diariamente?
A
vitamina C pode ser encontrada nas frutas cítricas (laranja, mexerica, limão,
abacaxi e outras), morango, kiwi, goiaba, tomate, acerola. Se for ingerido pelo
menos um destes alimentos por dia, a vitamina C já estará garantida. A
quantidade de que necessitamos diariamente é de 60 mg. Os fumantes necessitam
de 100 mg.
Alimentos ricos em VITAMINA C
Alimento
|
Quantidade
|
Vitamina C
|
Acerola
|
3 unid (9 g)
|
150,97 mg
|
Laranja
|
1 unid média (180 g)
|
95,76 mg
|
Mexerica
|
1 unid média (148 g)
|
45,58 mg
|
Tomate
|
2 unid média (218 g)
|
38,15 mg
|
Morango
|
5 unid média (60 g)
|
34,2 mg
|
Fonte: PHILLIPI, S.T.
SZARFARC, S. LATERZA, A.R. Virtual Nutri (software) versão 1.0, for windows. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública/USP. São Paulo,
1996
E os suplementos de vitamina C?
Os
suplementos de vitamina C têm doses que variam de 500 a 2000 mg, superiores
àquela de que necessitamos. Alguns estudos mostram que o excesso da vitamina C
pode causar diarréia e favorecer a formação de cálculos renais. Como não se tem
dados comprovando sua eficácia, não há justificativa para o uso de suplementos
a não ser que seu médico ou nutricionista esteja acompanhando o caso. Evite
tomar suplementos alimentares sem o consentimento desses profissionais.
A Vitamina D tem como principal função a absorção do cálcio,
sendo essencial na formação da estrutura óssea.
Onde encontramos a Vitamina D?
Podemos
encontrá-la em gema de ovo, fígado, leite integral, manteiga, creme de leite e
ainda nas margarinas.
O sol é
uma outra ótima fonte de vitamina D, porque ele converte em forma ativa
(possível de ser utilizada pelo organismo) a vitamina D que fica na pele.
DICA: é importante tomarmos sol diariamente, por pelo
menos 20 minutos, pela manhã até as 10:00 horas ou à tarde depois das 16:00.
Desta forma, contribuiremos muito para o fortalecimento ósseo e para a
prevenção da osteoporose. Nestes horários, encontramos menor quantidade de
raios solares prejudiciais ao organismo.
A Vitamina E tem função antioxidante e a sua carência causa
efeitos negativos na formação de músculos, vasos sanguíneos e sistema
cardiovasculares.
Onde encontramos a Vitamina E?
Encontramos
esta vitamina em óleos vegetais (soja, girassol, milho, azeite de oliva), gema
de ovo, fígado, leite, frutas oleaginosas (avelã, castanhas, nozes amendoim).
A Vitamina K tem a função de regular a coagulação sanguínea e
sua carência provoca hemorragias.
Onde encontramos a Vitamina K?
Podemos
encontrá-la no fígado e em hortaliças (verduras e legumes), além de haver
produção pela flora intestinal (bactérias).
As Vitaminas do complexo B são tiamina (B1), riboflavina
(B2), piridoxina (B6), cobalamina (B12), niacina, biotina, ácido pantotênico,
ácido fólico. São hidrossolúveis (solúveis em água) e têm funções variadas,
como a prevenção de doenças relacionadas com o sistema nervoso e o sistema
muscular, formação de glóbulos vermelhos, metabolismo de gorduras, carboidratos
e proteínas, conservação de tecidos e olhos, além de outras funções.
Onde encontramos as Vitaminas do complexo B?
Encontramos
estas vitaminas em alimentos de origem animal (carnes brancas ou vermelhas,
vísceras, leites, queijos, ovos), cereais integrais, leguminosas (feijão,
lentilha, grão de bico, ervilha seca) e hortaliças (verduras e legumes).
A piridoxina tem alguma relação com a doença
de Parkinson?
Sim. A
PIRIDOXINA (B6) participa também da conversão da levodopa em dopamina antes que
ela chegue ao cérebro. A absorção da dopamina é eficaz apenas no cérebro. Se
ocorrer esta conversão de levodopa em dopamina antes de chegar ao cérebro, esta
dopamina vai se perder toda e aí não teremos o efeito desejado do medicamento.
A
levodopa deve ser convertida adequadamente em dopamina para haver efeito
terapêutico. Por isso, quando utilizamos levodopa, não devemos tomar
suplementos de vitamina B6 (piridoxina).
SE EU
ESTIVER TOMANDO ALGUM MEDICAMENTO À BASE DE BENZERAZIDA OU CARBIDOPA, POSSO
TOMAR SUPLEMENTOS DE PIRIDOXINA (VITAMINA B6)?
Existem
alguns medicamentos que contêm substâncias (benzerazida e carbidopa) que são
inibidoras da dopaminase (enzima que converte a levodopa em dopamina,
juntamente com a piridoxina). Neste caso, não há conversão fora do cérebro e o
medicamento tem o efeito desejado. A vitamina B6 (piridoxina), portanto, não
interfere no tratamento. O Madopar e o Sinemet são drogas à base de levodopa
que já vêm com inibidores da dopaminase, não sendo contra-indicada a
suplementação da vitamina B6.
Obs.: Lembre-se de que qualquer suplemento vitamínico ou
mineral deve ser tomado apenas com indicação do médico ou nutricionista.
Minerais
O FÓSFORO, assim como o cálcio, participa
do fortalecimento da massa óssea e dos dentes.
Onde encontrar o Fósforo?
Podemos
encontrá-lo nos leites, queijos e iogurtes, na gema de ovo e em carnes,
castanhas e amendoim.
O
MAGNÉSIO é
essencial para a formação de proteínas. Sua carência pode provocar distúrbios
neuromusculares e problemas de crescimento.
Onde encontrar o Magnésio?
Pode ser
encontrada em cereais integrais, castanha, carnes, leites, verduras, legumes,
chocolate, tofu (queijo feito à base de soja).
O POTÁSSIO é responsável pela regulação do
equilíbrio de minerais e água.
Onde encontrar o Potássio?
Os
alimentos ricos em potássio são as frutas (laranja, banana, mexerica e outras),
verduras e legumes, leite, cereais e carnes.
Obs.: As pessoas hipertensas que usam diuréticos
continuamente, têm perdas significativas de potássio pela urina. Portanto,
devem estar atentas aos alimentos ricos neste mineral para repor esta perda
adequadamente.
O SÓDIO também regula o equilíbrio de
minerais e água e sua carência pode provodcar cãibras e fraqueza muscular.
Onde encontrar o Sódio?
Podemos
encontrá-lo no sal de cozinha (usar moderadamente), em peixes e frutos do mar e
no leite.
O ZINCO regula a formação de proteínas e
sua carência causa distúrbio do crescimento..
Onde encontrar o Zinco?
Podemos
encontra-lo em leite, queijos, carnes, fígado, moluscos, caranguejo, arenque,
leguminosas, vagens, cereais integrais e nozes.
AS FIBRAS
E as fibras alimentares?
QUAL A
QUANTIDADE DE ALIMENTOS RICOS EM FIBRA QUE DEVEMOS INGERIR DIARIAMENTE?
É
recomendável a ingestão de 25 a 30 g de fibras alimentares por dia.
Quantidade de fibras em alguns alimentos
Alimento
|
Quantidade
|
Fibras
|
Cereal
"All Bran"
|
1
xícara de chá (30 g)
|
9,0
|
Lentilha
cozida
|
1
xícara de chá (150 g)
|
7,3
|
Feijão cozido
|
2
conchas (90 g)
|
7,2
|
Farelo
de trigo
|
2
colheres de sopa (15 g)
|
6,8
|
Grão de
bico cozido
|
2
colheres de sopa (120 g)
|
6,7
|
Ameixa
preta (seca)
|
3 unid
grandes (30 g)
|
4,8
|
Pipoca
|
3
xícaras de chá (30 g)
|
4,6
|
Maçã
com casca
|
1 unid
média (150 g)
|
4,6
|
Pêra
com casca
|
1 unid
média (140 g)
|
4,2
|
Castanha
de caju
|
1
pacote pequeno (70 g)
|
4,1
|
Batata
doce cozida
|
1 unid
média (120 g)
|
3,1
|
Aveia
com flocos
|
2
colheres de sopa (30 g)
|
3,0
|
Uva
passa preta
|
1
pacote pequeno (50 g)
|
2,9
|
Abacaxi
|
2
rodelas (150 g)
|
2,8
|
Cenoura
crua
|
1 unid
média (100 g)
|
2,8
|
Manga
|
1 unid
média (60 g)
|
2,7
|
Milho
verde enlatado
|
1
xícara de chá (60 g)
|
2,7
|
Abobrinha
cozida
|
1
xícara de chá (134 g)
|
2,4
|
Escarola
cozida
|
1
xícara de chá (153 g)
|
2,2
|
Laranja
|
1 unid
média (100 g)
|
2,2
|
Tomate
cru
|
1 unid
média (100 g)
|
1,9
|
Maçarrão
cozido
|
2
xícaras de chá (220 g)
|
1,8
|
Arroz
integral cozido
|
5
colheres de sopa (165 g)
|
1,4
|
Pão
francês
|
1
unidade (50 g)
|
1,4
|
Morango
fresco
|
5
unidades médias (60 g)
|
1,3
|
Beterraba
cozida
|
1 unid
média (100 g)
|
1,0
|
Banana nanica
|
1 unid
grande (140 g)
|
0,8
|
Arroz
branco cozido
|
1
colher de sopa (150 g)
|
0,7
|
Fonte: PHILLIPI, S.T.
SZARFARC, S. LATERZA, A.R. Virtual Nutri (software) versão 1.0, for windows. Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública/USP. São Paulo, 1996
O intestino
preso é freqüente na doença de Parkinson?
O
intestino preso é uma das queixas mais freqüentes. Esta freqüência aumenta com
a idade e é comum entre os parkinsonianos, atingindo mais de 50% deles.
Na doença
de Parkinson, permanecer com o intestino constantemente preso pode atrapalhar o
tratamento com a levodopa, já que dificulta sua absorção. Além disso, quando o
intestino está preso por muito tempo, há uma reprodução aumentada de bactérias.
Estas bactérias transformam a levodopa em dopamina, que não consegue penetrar
no cérebro e ter o efeito terapêutico desejado. (Vocês lembram que apenas a
levodopa consegue penetrar no cérebro e dopamina não?). Sabemos do impacto da
constipação sobre nosso bem-estar geral. Afinal, a sensação de peso e a
formação de gases intestinais pelas bactérias devido ao grande tempo de
permanência das fezes no intestino não são nada agradáveis e contribuem para
estados de humor alterados (irritação, nervosismo, etc.)
QUAIS OS FATORES
QUE PODEM CAUSAR A PRISÃO DE VENTRE?
- excesso de peso corporal;
- baixa ou nenhuma atividade
física;
- problemas motores ou neurais
do intestino;
- uso de medicamentos
constipantes;
- o uso excessivo e
indiscriminado de laxantes.
ATENÇÃO
!!! O uso de certos medicamentos pode causar constipação, porém muitas vezes
não podemos parar de toma-los ou não há como substituí-los por outros. É
importante que o médico seja informado com detalhes sobre outros medicamentos
usados além daqueles indicados para a doença de Parkinson. Assim, ele poderá
fazer uma prescrição adequada de laxativos, se for realmente necessário.
O que os laxativos podem causar ao organismo?
O uso
indiscriminado de laxativos pode reduzir a absorção de nutrientes, aumentando a
perda destes pelas fezes. O óleo mineral pode reduzir a absorção de vitaminas
lipossolúveis (solúveis em óleos e gorduras): vitaminas A, D, E e K. O uso
crônico destes medicamentos pode causar irritação e grande disfunção da
motilidade intestinal, ou seja, a evacuação passa a ser impossível se não
houver a presença do laxativo, instalando-se, desta forma, o vício.
DROGAS
POTENCIALMENTE CONSTIPANTES
- MINERAIS – Alumínio (antiácidos),
cálcio, ferro
- ANTI-HIPERTENSIVOS E
ANTIARRÍTMICOS –
bloqueadores do canal de cálcio, clonidina, disopiramida
- SIMPATOMIMÉTICOS – efedrina, isoproterenol,
fenilefrina, fenilpropanolamina, pseudoefedrina, terbutalina
- LEVODOPA – Sinemet, Prolopa,
Levocarb, Cronomet
- OPIÁCEOS codeína, difenoxilato,
hidrocodona
- ANTICOLINÉRGICOS – antidepressivos, neurolépticos,
anti-histamínicos, medicações antiparkinsonianas (Artane, Akineton, etc.)
- MEDICAÇÕES ANTIINFLAMATÓRIAS
NÃO-CORTICÓIDES
Como estimular o funcionamento do intestino?
- Comer frutas – laranja com
bagaço, mexerica, mamão, ameixa, abacate, uva, manga, morango, kiwi,
banana nanica, melão, melancia (pelo menos três vezes ao dia).
- Comer vegetais – verduras em
geral (de preferência cruas), tomate, beterraba, quiabo, jiló, chuchu,
vagem, berinjela, milho, ervilha (pelo menos duas vezes ao dia).
- Usar feijão, grão de bico,
lentilha ou ervilha seca diariamente.
- Preferir cereais integrais –
pão integral, aveia, arroz integral, germe e farelo de trigo, "All
Bran" (com moderação).
- Usar mel para adoçar leite,
iogurte ou outros líquidos.
- Ingerir iogurte (de
preferência natural) e leite diariamente.
- Ingerir duas porções de
salada com vegetais crus por dia.
- Mastigar bem os alimentos.
- Tomar bastante líquido entre
as refeições (8 copos por dia de água, sucos, chás), principalmente pela
manhã e à tarde, evitando atrapalhar seu sono à noite.
- Não adiar o horário de ir ao
banheiro. Se este procedimento é feito repetidamente, passamos a não ter
mais a vontade de ir ao banheiro (inibição do reflexo de decação).
- Ao se levantar pela manhã,
tomar água de ameixa preta seca e comê-la (l ameixa de molho em 1 copo de
água de um dia para o outro)
Dicas:
Se o intestino estiver preso
- Não abuse de arroz branco,
farinhas, batata, mandioca, pão branco, tortas, bolos, macarrão e outras
massas, doces, bolachas.
- Evite limão, banana-prata,
banana-maçã, jabuticaba, goiaba (polpa, caroço), produtos de pastelaria,
embutidos.
Obs.: Dependendo do caso, dificuldades em mastigar e
engolir podem fazer com que frutas e hortaliças não sejam bem tolerados.
Entretanto, suco de ameixa, laranja ou mamão e farelo de trigo em quantidade
moderada (se bem tolerado, já que pode causar gases em algumas pessoas e
diminuir a absorção de algumas vitaminas e minerais) podem ser incorporados na
dieta, por serem laxativos naturais.
E quando ocorre excesso de gases intestinais?
Se houver
formação de gases intestinais, observe estes alimentos: repolho, nabo,
rabanete, cebola, brócolis, melão, melancia, queijos gordos (amarelados e/ou
curados) ou outros. Procure não ingeri-los ao mesmo tempo, para identificação
de qual pode ser o causador dos gases.
O farelo
de trigo pode ser usado apenas moderadamente, já que pode causar gases
intestinais e diminuir a absorção de algumas vitaminas e minerais.
Obs.: Ao comer, beber líquidos ou falar depressa, podemos
engolir ar e contribuir para o acúmulo de gases no aparelho digestivo.
Portanto, CALMA!!!!!!!!
Grupo de
cereais
Este
grupo tem como principal função o fornecimento de energia ao nosso organismo.
Ele engloba alimentos ricos em carboidrato, que é um nutriente. Aqui estão
arroz, milho, centeio, trigo, aveia, farinhas e todos os seus produtos (pães,
bolachas, bolos, polenta, angu, tortas, farofa e outros).
DICA: O parkinsoniano tem tendência a perder peso. O
grupo de cereais, juntamente com as carnes e os laticínios, contribui para a
recuperação do peso.
Gorduras
As
gorduras têm função de isolantes térmicos, formação de hormônios, transporte de
vitaminas lipossolúveis (dissolvidas em gorduras) e de fornecer energia para o
funcionamento do organismo, assim como o carboidrato. Elas devem ser usadas em
pequenas quantidades na alimentação pois em excesso podem favorecer a
ocorrência de obesidade e elevar os níveis de colesterol sangüíneo, que é risco
para doenças cardiovasculares.
ONDE
ENCONTRAMOS AS GORDURAS?
As
gorduras podem ser de origem animal (creme de leite, manteiga, banha, bacon) ou
vegetal (óleos de soja, de canola, de milho, de girassol, azeite, margarina).
Também estão presentes nas frutas oleaginosas (nozes, amêndoas, amendoim,
castanhas).
As
gorduras vegetais não contêm colesterol.
Apenas as
gorduras animais possuem colesterol. Assim, o ovo, as carnes, os leite
integrais e queijos, as vísceras, a maionese (feita com ovo) e os embutidos
também possuem uma quantidade significativa de colesterol e não devem ser
ingeridos abusivamente.
Devem-se
preferir as gorduras vegetais, porque não contêm colesterol e possuem maior
quantidade de gorduras insaturadas que saturadas. Estas últimas constituem
risco para doença cardiovascular.
O QUE SÃO
GORDURAS SATURADAS?
As
gorduras saturadas são gorduras de consistência sólida à temperatura ambiente e
são encontradas em todos os alimentos de origem animal (carnes, leite integral,
queijo, creme de leite, bacon, manteiga) e em alguns alimentos de origem
vegetal como o coco (leite de coco, gordura de coco), azeite de dendê, gordura
vegetal hidrogenada e óleos usados repetidamente para frituras. Podem propiciar
risco de doenças cardiovasculares, assim como o colesterol.
Qual quantidade de colesterol podemos ingerir
diariamente?
A
quantidade de colesterol que podemos ingerir diariamente é de 300 mg, se não
tiver nenhum problema de colesterol elevado.
Confira
sua ingestão:
Alimento
|
Quantidade
|
Colesterol (mg)
|
Leite
desnatado
|
1
xícara de chá (200 ml)
|
6*
|
Leite
integral
|
1
xícara de chá (200 ml)
|
22*
|
Manteiga
|
1
colher de sopa rasa (19 g)
|
47,5*
|
Margarina
|
1
colher de sopa rasa (17 g)
|
11*
|
Maionese
|
1
colher de sopa rasa (17 g)
|
8,5**
|
Ostras
|
90 g
|
61**
|
Pescada
|
90g,
(fatia média)
|
58,5**
|
Carne
de porco
|
90 g
|
99,9**
|
Carnes
|
90 g,
(fatia média)
|
63*
|
Camarão
|
90 g, (
3 unidades médias )
|
112,5*
|
Miúdos
de frango
|
90 g
|
354**
|
Ovo
(gema)
|
1 gema,
1 ovo (20 g)
|
300*
|
Fígado
|
90 g,
(fatia média)
|
270*
|
Queijo
minas
|
Fatia
média (30 g)
|
23**
|
Queijo
prato
|
Fatia
média (30 g)
|
31**
|
Mussarela
|
Fatia
média (30 g)
|
23**
|
Requeijão
cremoso
|
1
colher de sopa (15 g)
|
2,25*
|
Ricota
|
Fatia
média (35 g)
|
18**
|
Fonte: (*) WILLIAMS, S. R. Fundamentos de nutrição
e dietoterapia. 6ª ed. Artes Médicas. Porto Alegre, 1997. (**) UNITED STATES OF
AMÉRICA. Departament of agriculture.
Human Nutrition Information Service: Composition of foods, Raw, processed,
prepared. Agriculture Handbook nº 1-16. Revised 1976-1986.
O que posso fazer para reduzir o colesterol?
- Fazer alguma atividade
física.
- Diminuir o consumo de
frituras, preferindo os alimentos cozidos.
- Aumentar o consumo de
frutas, hortaliças e cereais como aveia, "All Bran".
- Fazer uso de produtos com
baixo teor de gorduras:
- Leite, iogurte e coalhada
desnatados, ricota, queijo Minas "light";
- Frango sem pele, carne de
boi sem gorduras, peixes sem pele;
- Margarinas cremosas (de
preferência as do tipo "light", como BECEL)
5. Evitar os seguintes alimentos:
- Leite, iogurte e coalhadas
integrais;
- Queijos gordos tipo
mussarela, prato, requeijão integral, minas gordo, parmesão, gorgonzola e
outros;
- Embutidos (salames,
presuntos, mortadela);
- Carnes gordurosas,
vísceras, hambúrgueres;
- Frutos do mar (camarão,
lagosta, ostra);
- Gema de ovo, maionese,
cremes de leite, patês;
- Manteiga, banha, toucinho;
- Pães e bolos com recheios
de cremes.
A perda de
peso na doença de Parkinson
Com o
aumento da idade, a quantidade de energia que necessitamos vai diminuindo. Há
diminuição de músculos, aumento na gordura corporal e lentidão no funcionamento
dos órgãos, que faz com que tenhamos de comer menos. Isto se dá no
envelhecimento normal. Na doença de Parkinson pode ser diferente. O
parkinsoniano tem facilidade maior para perder peso. Esta situação deve ser
observada com muito cuidado. O organismo do parkinsoniano gasta mais energia
devido aos movimentos involuntários anormais e à rigidez muscular. Além disso,
podemos ter outros fatores, já citados, influenciando nesta perda de peso, como
depressão ou outros distúrbios de comportamento (falta de vontade e motivação
para se alimentar), problemas de dentição, mastigação e deglutição; uso de
medicamentos, interferindo na absorção intestinal de nutrientes; efeitos
colaterais da medicação (náuseas e vômitos), interferindo no apetite.
O QUE
DEVEMOS FAZER SE HOUVER PERDA DE PESO?
Ocorrendo
perda de peso, deve-se ingerir mais alimentos que possam manter o peso normal,
evitando a perda acelerada. Podemos aumentar o consumo de alimentos ricos em
carboidratos, por serem energéticos:
- Pães, bolachas, bolos;
- Mingaus à base de farinhas
(de preferência aveia, Neston), misturados com frutas e mel;
- Batatas, arroz com feijão e
massas;
- Leite integral enriquecido
com Nescau, farinha Láctea ou outros.
- Os leites e iogurtes
integrais podem ajudar no ganho de peso (se não houver problemas de
colesterol), pelo maior conteúdo calórico que possuem, em comparação com
os desnatados.
DICA: Procure o nutricionista e informe o seu médico.
Esta pode ser uma situação de risco para desnutrição, infecções e outros
problemas de saúde.
- Procure pesar-se pelo menos
uma vez por mês.
ATENÇÃO
FAMILIARES E CUIDADORES!!
Os
familiares ou cuidadores devem encorajar o parkinsoniano a se alimentar. Porém,
se o peso corporal estiver muito acima do normal, é necessário cautela e dieta
para que ele não aumente ainda mais. O Excesso de peso pode dificultar a
movimentação e o trabalho do cuidador.
Secura da boca e/ou hipersalivação
O uso de
vários medicamentos e as próprias alterações fisiológicas do envelhecimento
podem provocar secura na boca ou hipersalivação. Na doença de Parkinson, a
perda automática do controle dos movimentos da face e o enrijecimento podem
ocasionar perda de saliva pela boca, por dificuldade em engoli-la.
O QUE
DEVEMOS FAZER PARA DIMINUIR A SECURA NA BOCA?
No caso
de secura intensa da boca, podemos intervir como segue:
- Beba em média 8 copos de
água por dia (incluindo sucos com baixo teor de açúcar, chás de ervas).
- A reposição de líquidos é
necessária na hipersalivação, já que há grande perda pela boca.
- Ingerir alimentos mais
sólidos, aqueles que nos fazem mastigar mais. Desta forma, a salivação é
estimulada, pois ela ajuda no processo digestivo dos alimentos. Consumir
bolachas Cream Crackers, bifes, biscoitos duros e outros.
- Quando a boca estiver muito ressecada,
chupar balas (de preferência sem açúcar), não esquecendo de escovar os
dentes logo depois.
- Fazer uma boa higiene bucal
diariamente e verificar se as próteses dentárias estão bem adaptadas.
- Mastigar bem os alimentos
para estimular a salivação.
- Alimentos frios podem ser
úteis para estimular a salivação, além de sucos ou frutas cítricas
(laranja, limão, tangerina, etc.) e doces.
- Diminuir o consumo de
alimentos muito secos (farinhas e outros).
- Umedecer os alimentos mais
secos em bebidas.
- Mastigar os alimentos com
auxílio de bebidas (sucos de frutas, chás, leite, água).
- Evitar alimentos salgados ou condimentados.
A rigidez da face, dificuldades de mastigação e deglutição
Na doença
de Parkinson, encontramos algumas alterações motoras que podem dificultar a
alimentação adequada. O enrijecimento da face dificulta a mastigação e a
deglutição apresenta-se deficiente, provocando engasgos com freqüência. A
passagem do alimento do esôfago até o estômago fica mais demorada.
COMO
AMENIZAR AS DIFICULDADES?
No caso
de secura intensa da boca, podemos intervir como segue:
- Tente evitar situações que
causam ansiedade na hora das refeições. Coma em um local calmo, sem sons
altos e luzes fortes, e mastigue bem os alimentos. Assim você pode evitar
engasgar-se com alimentos mal mastigados ou em pedaços grandes e ingeridos
com muita pressa. O cuidador deve servir a refeição com calma, sem
movimentos repentinos ou bruscos.
- Se houver grande dificuldade
de mastigação, procure picar, amassar, bater no liquidificador, desfiar ou
moer os alimentos mais difíceis de ingerir inteiros. Mas lembre-se: isto
só deverá ser feito se não houver mesmo possibilidade de mastigação, Esta
função é importantíssima para preservação dos dentes, da salivação, para
estimulação labial, para prevenir engasgamento e para o funcionamento
intestinal normal. Portanto, a ingestão de alimentos sólidos deve ser
estimulada.
- Evite sopas pouco densas.
Prefira sopas com vegetais ou carne que possam ser mastigados e que são
mais facilmente engolidos.
- Se necessário, faça uso de
canudinhos para facilitar a deglutição.
- Alimentos secos podem ser
difíceis de engolir. Se assim for, ajude com alagum suco, leite, chá ou
água, de preferência gelados.
Dificuldades motoras com a mão e os braços;
problemas
posturais
A rigidez
das mãos e dos braços faz com que as dificuldades em cortar os alimentos,
segurar os talheres e conduzi-los até a boca e de volta ao prato diminua a
vontade e a capacidade de se alimentar sozinho.
A rigidez
muscular contribui para a existência de problemas de postura. Como os controles
da cabeça e do tronco são essenciais para se alimentar, os problemas posturais
contribuem para aumentar os problemas alimentares.
O
POSICIONAMENTO PARA SE ALIMENTAR PODE SER MELHORADO:
No caso
de secura intensa da boca, podemos intervir como segue:
- Mantenha os pés
adequadamente apoiados;
- Verifique se a altura da
mesa está adequada;
- Mantenha-se sentado bem
próximo à mesa;
- Os braços devem ser
colocados próximos ao corpo, descansando sobre o colo;
- A cabeça e o tronco devem
estar na posição mais vertical possível;
- A cabeça deve estar
ligeiramente inclinada para frente;
- Pratos com ventosas (para
fixar na mesa), colheres, garfos e facas especiais e outros recursos
adaptativos:
- Talheres de cabo grosso
- Copos grandes, de plástico
e com alças
Obs.: Exercícios físicos podem ajuda-lo a melhorar a
musculatura e, conseqüentemente, seus movimentos. Caminhadas, jardinagem,
fisioterapia e/ou outros orientados pelo fisioterapeuta podem ajuda-lo a
realizar com mais facilidade as atividades diárias, como cozinhar, comer,
carregar sacolas, vestir-se.
Observações
especiais:
Alguns
parkinsonianos podem apresentar confusão mental (efeito de drogas
anticolinérgicas, como Artane, Akineton) em certa fase da doença. Desta forma,
podem esquecer se já comeram ou não. Esta situação pode ser difícil tanto para
o parkinsoniano como para o cuidador. Existem algumas maneiras de tornar um
pouco mais fácil o controle da rotina alimentar. O cuidador deve ajudar o parkinsoniano
da seguinte forma:
- Manter horários regulares
para as refeições e comer junto, se possível.
- Se ele quiser começar uma
refeição logo após a outra, deixar algumas louças na pia e mostrar os
restos de comida, indicando que ele já comeu.
- No caso de querer comer
somente certos alimentos, é necessário perguntar ao nutricionista ou ao
médico sobre a dieta e a necessidade de usar suplementos.
- Não se preocupar com certas
etiquetas à mesa. Pode ser mais fácil comer com a colher do que com garfo
e faca.
- Oferecer alimentos de
textura uniforme para evitar que o paciente se confunda com os pastosos e
sólidos dados ao mesmo tempo. Ele pode engolir inteiro, em vez de
mastigar, e engasgar.
- Verificar se o alimento dado
não está quente demais, a ponto de queimar a boca. Se isto acontecer, ele
poderá ficar com medo e com freqüência se recusará a comer.
Náuseas,
queimação no estômago e vômitos
A
ocorrência destes sintomas depende da medicação usada e da maneira de tomá-la.
Os medicamentos à base de levodopa (Sinemet, Prolopa, Cronomet,
Carbidopa/Levodopa Genérico), anticolinérgicos (Triexidyl, Akineton, Mantidan
entre outros), agonistas dopanimérgicos (Parlodel, Celance, Mirapex, Sifrol
entre outros), e ainda o tolcapone, princípio ativo do Tasmar (inibidores da
enzima COMT = catecol-o-metil-transferase, que provoca flutuações no
tratamento) são os principais causadores. A associação de vários medicamentos
ao mesmo tempo aumenta o risco de distúrbios gastrointestinais.
Portanto,
devemos seguir os seguintes passos:
- Não comer grandes
quantidades de alimentos de uma só vez. Devemos fazer 5 a 6 pequenas
refeições durante o dia no lugar de apenas 3 refeições grandes. Podemos
comer menos no almoço e no jantar e introduzir pequenos lanches leves
(frutas, sucos, vitaminas de frutas com leite, bolachas) no meio da manhã
e da tarde.
- Nunca dormir de estômago
vazio. Tomar pelo menos um copo de leite ou iogurte, ou chá com bolachas,
ou comer uma fruta. Porém, evitar comer demais antes de dormir.
- Evitar alimentos que possam
aumentar os sintomas de náusea: alimentos picantes demais (picles,
azeitonas, molhos de pimenta, molho inglês, catchup, mostarda, etc.) café,
chá preto ou mate, embutidos (presuntos, salsichas, salames), doces muito
concentrados, bolachas recheadas, frituras e alimentos muito gordurosos,
etc..
- Se os enjôos estiverem muito
evidentes, evite tomar os medicamentos de estômago totalmente vazio. Comer
bolachas ou frutas, ou tomar suco junto com a medicação. Desta forma os
efeitos colaterais podem ser amenizados.
- Evitar líquidos durante ou
logo após as refeições.
Exemplo de
cardápio
Refeição
|
Alimentos
|
Substituições
|
Café da
manhã
|
Leite
Pão
francês
Queijo
Mamão
|
Queijo,
iogurte
Torrada,
aveia
Margarina
Laranja,
banana, maçã
|
Lanche
da manhã
|
Maçã
|
Pêra,
kiwi, abacaxi
|
Almoço
|
Arroz
Feijão
Bife
grelhado
Cenoura
cozida
Alface
Laranja
|
Batata,
massa, polenta
Lentilha,
ervilha seca
Frango,
peixe
Chuchu,
beterraba, jiló
Agrião,
rúcula
Melancia,
melão, uva
|
Jantar
|
Arroz
Feijão
Frango
Abobrinha
Tomate
Mexerica
|
Pão
Peito
de peru
Alface
Tomate
Caqui
|
Lanche
noturno
|
Leite
|
Iogurte,
queijo
|
ATENÇÃO !!!!!!!!!
- Este é o exemplo de um
cardápio adequado e está sem as quantidades porque elas são
individualizadas. Cada pessoa necessita de uma quantidade específica de
alimentos para satisfazer suas necessidades energéticas e nutricionais.
- Procure variar ao máximo a sua
alimentação para receber todos os nutrientes e evitar possíveis carências.
- Coma diariamente frutas
(pelo menos 3 unidades); verduras cruas (2 porções); verduras cozidas (2
porções); pães, bolachas; arroz, polenta ou macarrão (4 porções à sua
escolha); feijão, lentilha, grão de bico, ervilha seca (1 a 2 porções à
sua escolha); carnes (1 a 2 porções); leite, queijo, iogurte (3 a 6
porções).
- Faça de 5 a 6 pequenas
refeições ao dia, evitando comer grandes quantidades de alimentos de uma
só vez.
- Não deixe de fazer nenhuma
refeição durante o dia.
- Procure ingerir uma média de
8 copos de água por dia (pode ser em forma de sucos não muito açucarados
ou chás).
- Se estiver sem apetite,
tente mais um pouco e, se for preciso, espere mais um pouco.
- Se estiver perdendo peso,
procure o nutricionista e avise o seu médico.
- Se o intestino estiver
preso, observe as orientações para melhorar seu funcionamento. Não desista
e procure seguir todas as indicações. Procure fazer alguma atividade
física agradável: fisioterapia, caminhada, exercícios na água, atividades
domésticas ou qualquer outra.
- Não use laxantes sem
prescrição médica.
- Evite o uso de doces,
açúcar, frituras e gorduras em excesso. Substitua estas guloseimas por
alimentos mais saudáveis, como frutas, pães, leites, iogurtes, queijos
magros. Dê preferência às carnes assadas, grelhadas ou cozidas preparadas
com pequena quantidade de óleo.
- Cozinhe com óleos vegetais
de qualquer tipo (soja, milho, canola, girassol), pois não contêm
colesterol.
- Não exagere na quantidade de
sal na hora de cozinhar e evite ingerir com freqüência salgadinhos,
salames, embutidos, enlatados, carnes salgadas e outros alimentos
salgados. Use mais temperos À base de ervas aromáticas (salsa, cebolinha,
coentro, hortelã, manjericão e outros).
- No lugar de gorduras animais
(banha, toucinho, manteiga) prefira óleos vegetais (soja, milho, canola,
azeite, girassol) e margarina vegetal, de preferência do tipo
"light".
- Evite o consumo exagerado de
alimentos industrializados (embutidos, enlatados e outros).
- Evite o uso de alimentos
ricos em cafeína (café, coca-cola, chá preto e mate), especialmente no fim
de tarde e À noite, para não atrapalhar o sono.
- Evite o consumo excessivo de
sal. Se você for hipertenso (mesmo tomando medicamentos), deve tomar
cuidado com aqueles alimentos que já vêm preparados (presuntos, salames,
salgadinhos, carnes salgadas, queijos salgados, alimentos enlatados,
ervilha, azeitona).
- Você é o responsável por sua
saúde. Seja independente de acordo com as suas limitações, aceitando ajuda
de amigos, familiares e profissionais de saúde, se necessário.
Após
terem lido este manual, esperamos que vocês parkinsonianos, amigos, familiares
e cuidadores possam realizar mudanças importantes no seu estilo de vida e
alimentação, a fim de melhor controlar as intercorrências da doença.
Vimos
aqui abordagens diversas sobre os problemas alimentares que ocorrem durante o
curso da doença. Podemos encontrar pessoas com todos eles ou com parte deles. Conforme o grau de dependência do parkinsoniano, dos cuidados anteriores com a
qualidade da alimentação e da aceitação das trocas sugeridas e necessárias,
mudaremos antigos hábitos, de forma particular. Cada indivíduo tem hábitos
alimentares que podem divergir, e muito, daqueles do seu colega. Percebemos
isto nos sintomas e manifestações da doença, assim como nos efeitos colaterais
dos medicamentos, nas respostas ao tratamento e na evolução da doença. Não
existe "solução única", já que sabemos da complexidade da Doença de
Parkinson. Há necessidade de cuidados especiais, já que estamos diante de uma
situação especial, decorrente de alterações que podem agravar-se se não
confiarmos nas mudanças possíveis.
As
autoras
Bibliografia
- PEREIRA FAI, CERVATO AC.
Recomendações nutricionais. In: PAPALÉO NETTO M,
editor. Gerontologia.
São Paulo: Atheneu; 1996.p.248-61.
- HATCHER LF, EINEN DG. La Corretta
Alimentazione nel Morbo di Parkinson. Associazione Italiana Parkinsoniani
(The American Parkinson Disease Association c.);1993.
- NORBERG A, ATHLIN E, WINBLAD B A Model for
the Assessment of Eating Problems in Patients with Parkinson´s Disease. Journal of Advanced Nursing
1987; 12: 473-81.
- LIMONGI JCP. Doença de
Parkinson: como diagnosticar e tratar. Rev. Bras. Med 1993; 50 (9)1078-84.
- Boletim Associação Brasil
Parkinson, n.16, 1998 (Problemas do Trânsito Intestinal e Doença de
Parkinson), P.06, (Matéria de autoria do Dr. Vitaux, publicada no Boletim
n. 53 da Association France Parkinson, tradução da Prof. Teresa de
Freitas Limongi)
- COITINHO DC et al.
Condições Nutricionais da População Brasileira: Adultos e Idoso. INAM
(Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição). Brasília, 1991.
- JUNCOS JL er al. Levodopa methyl ester
treatment of Parkinson´s disease. Neurology 1987; 37: 1242-45.
- MARUCCI MFN e GOMES MMBC.
Interação Droga-Nutriente em Idosos. In:
PAPALÉO NETTO M, editor. Gerontologia. São Paulo (SP): Atheneu; 1996.
p.273-83.
- CERVATO AM et al. A
Alimentação na Terceira Idade. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública
(USP); 1997.
Fonte: Extraído
na íntegra do livro:A
Alimentação na Doença de Parkinson