O envelhecimento é um processo não homogêneo que cursa com diversos tipos de doenças crônicas, levando a um alto consumo de drogas, correspondendo a aproximadamente 30% dos medicamentos vendidos.
O estado nutricional do idoso corresponde ao reflexo de sua vida passada no presente. A progressão das alterações nos processos biológicos, a medida em que o tempo passa, leva às modificações estruturais e funcionais nos tecidos do organismo e à diminuição da capacidade de reprodução celular, gerando modificações nos órgãos, onde a diminuição da eficiência é causada por perda de células, ficando a capacidade funcional nas células restantes.
Segundo Smith (1995), o idoso, em casa, consome de três a sete diferentes drogas e, hospitalizado, dez ou mais tipos por dia.
Sabemos que a eficácia terapêutica e a toxidade dos medicamentos estão diretamente relacionados à sua interação com os alimentos e/ou nutrientes. Tanto os alimentos quanto os medicamentos, para serem utilizados no organismo, devem atravessar barreiras constituídas por membranas celulares. Quando a substância é utilizada por via oral, é necessário que primeiramente atravesse o epitélio do trato gastrointestinal e, uma vez no sangue, é necessário que atravesse outras membranas para chegar ao seu local de ação ou de utilização. Apesar de que possam existir diferenças entre as barreiras, o caminho das substâncias através delas apresenta características comuns, já que, geralmente, as substâncias passam através das células e, não, entre elas.
Infelizmente, a falta de eficácia do medicamento e os efeitos nutricionais indesejáveis estão no nosso dia a dia e poderiam ser previsíveis e evitáveis se houvesse conhecimento do assunto de todos os membros da equipe de saúde.
Desenvolvimento
As interações drogas x nutrientes no idoso podem sofrer várias interferências, a saber:
- as drogas podem alterar a biodisponibilidade dos nutrientes;
- os nutrientes podem alterar a biodisponibilidade das drogas;
- o nutriente pode provocar ineficácia da droga e reações adversas;
- o medicamento pode promover deficiências nutricionais;
- as doenças crônicas interferem na utilização das drogas e dosnutrientes;
- a alteração do estado nutricional do paciente interfere nabiodisponibilidade das drogas;
- o uso múltiplo de drogas pode levar a várias interações e efeitoscolaterais que, em segunda intenção, levam às alterações do estadonutricional;
- o uso de bebida alcoólica pode potencializar ou diminuir o efeito dadroga;
- os pacientes que moram sozinhos ou em asilos, sem supervisão,cometem mais erros quanto à utilização de drogas e não se alimentambem;
- os pacientes idosos e portadores de várias patologias são menoscapazes de se recuperarem das colateralidades e dos efeitos nocivossobre os nutrientes e, automaticamente, sobre o estado nutricional.
A magnitude da interação depende, resumidamente, da natureza física e química do medicamento; da formulação na qual o alimento é administrado; do tipo e volume da refeição; da ordem da ingestão dos alimentos e dos medicamentos; do intervalo de tempo entre a alimentação e a administração do medicamento; da concentração e tempo do uso da droga; da idade e do estado nutricional do paciente .
Devemos avaliar criteriosamente o paciente geriátrico quanto à prescrição de múltiplas drogas, conhecendo bem seus efeitos colaterais e suas interações com outras drogas e com os nutrientes, principalmente as mais usadas na rotina hospitalar e de ambulatório, como laxativos, diuréticos, suplementos de potássio, ácido acetil salicílico, hipotensores, anticonvulsivantes, etc.
Fonte: Revista Nutrição em pauta
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