Dieta do frango, batata doce e clara de ovo é
arriscada para a saúde
O método feito por quem malha pode sobrecarregar os
rins e é deficiente em vitaminas e minerais
Uma alimentação
balanceada consiste em diversidade alimentar. Um dos princípios básicos da
nutrição humana é proporcionar ao indivíduo uma alimentação variada em cores,
texturas e com todos os nutrientes disponíveis em quantidades
balanceadas.
Atualmente temos um
bombardeio de dietas da moda, estas estão cada vez mais restritivas, e o pior,
sendo realizadas por praticantes de atividade física que buscam incessantemente
uma melhora estética. Porém, vários estudos já comprovam que a realização
destes tipos de dietas com privação de nutrientes pode levar a prejuízos na
saúde e no rendimento do desportista, uma vez que podem induzir a desidratação
por perda de líquidos e perda de eletrólitos, degradação de massa muscular,
além de constipação intestinal, dores de cabeça e mau hálito.
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Nas academias o
objetivo em comum é a hipertrofia muscular, assim, buscando este tipo de
resultado uma das dietas que os indivíduos estão adeptos é composta por clara
de ovo, batata doce e frango em todas as refeições. Indivíduos fisicamente
ativos necessitam de uma dieta
balanceada em todos os nutrientes (carboidratos,
proteínas, gorduras, vitaminas e minerais) levando em consideração o tipo de
atividade, duração, período e o objetivo a ser alcançado, o que não ocorre
neste tipo de dieta.
Abaixo citamos
possíveis elucidações para a escolha destes alimentos na dieta com o objetivo
de ganho de massa muscular:
Clara de ovo: é um
alimento rico em proteínas, principalmente a albumina, relacionada com a
recuperação muscular pós-treino. Em duas claras de ovos temos aproximadamente 6
gramas de proteínas, recomendamos no máximo a ingestão de 2 unidades ao dia.
Batata doce: é
considerada um alimento fonte de carboidrato complexo com baixo índice
glicêmico, ou seja, quando consumida demora um tempo maior para ser digerida e
lançada como glicose na corrente sanguínea, não levando a picos de insulina.
Desse modo pode ser benéfica no pré-treino fornecendo energia durante a prática
da atividade física, prolongando o treino do indivíduo e prevenindo a fadiga.
Muitos bodybuilders também optam pela batata doce como fonte de carboidrato da
dieta por ela conter fibras, vitamina C e potássio. Porém é importante lembrar
que parte desses nutrientes (vitamina C e potássio) é perdida na água do
cozimento e as fibras estão mais presentes na casca.
Frango: ele foi
escolhido como uma fonte de proteína de alto valor biológico, ou seja, possui
todos os aminoácidos essenciais (que o organismo não produz), estes aminoácidos
são responsáveis pelo anabolismo muscular, principalmente pós-treino. Estudos
mostram que os aminoácidos são responsáveis por atuar nas vias de sinalização
muscular controlando a síntese de novas proteínas auxiliando assim na
recuperação das fibras que sofreram lesão.
Desse modo, vemos
que estes alimentos escolhidos possuem suas propriedades e são importantes para
indivíduos que buscam um ganho de massa muscular. Porém, uma dieta equilibrada
nutricionalmente deve conter um consumo proteico de 15 a 20% do valor energético
total, sendo que esta dieta pode chegar até 75% do valor total de proteínas.
Apesar das proteínas serem apontadas como um dos principais nutrientes
envolvidos na recuperação muscular e ganho de massa magra seu uso para o ganho
de massa é limitado pelo organismo. Alguns estudos mostram que a ingestão
máxima que irá ser utilizada pelo músculo é de 20 a 25g de proteína por
refeição. Se em cada refeição a pessoa consumir 2 filés de frango (100 gramas
cada) já vai estar ingerindo aproximadamente de 40 g de proteínas.
Uma dieta
hiperproteica pode levar a sobrecarga renal uma vez que os produtos finais do
metabolismo proteico (ureia e amônia) são filtrados nos rins. Além disso, os
alimentos proteicos geram resíduos que acidificam o sangue, podendo levar ao aumento
do ácido úrico e perda de cálcio dos ossos.
O consumo
inadequado de carboidratos pode levar a sintomas indesejados como mau humor,
cansaço e dores de cabeça através da produção de corpos cetônicos, um composto
tóxico produzido pelo organismo para obtenção de energia.
Além disso, esta
dieta quando realizada pode trazer deficiência de nutrientes ao indivíduo, como
o consumo de gorduras inadequado. Já que a única gordura presente é a gordura
saturada vinda do frango. O consumo de gorduras na alimentação deve ocorrer
para que aconteça a otimização na absorção de vitaminas lipossolúveis
importantes para o metabolismo dos desportistas. Porém, a ingestão de gordura
não deve ultrapassar 30% do valor energético total do dia, devendo dar
preferência ao consumo de gorduras insaturadas, presente em peixes, oleaginosas
e azeite de oliva.
Esta dieta possui
baixo conteúdo de fibras, em média 6 gramas ao dia, sendo que o recomendado
seria de 25 a 30 gramas ao dia. A ingestão de fibras provenientes de frutas,
vegetais, hortaliças e cereais integrais agem na melhora do funcionamento
intestinal, diminuição da absorção de colesterol e até auxiliando na perda de
peso, uma vez que o seu consumo está associado a um maior tempo de
saciedade.
Verificamos que
neste plano alimentar há deficiência de vitaminas e minerais antioxidantes como
vitaminas C e E, selênio, zinco e cálcio. As vitaminas C (acerola, laranja,
morango, couve) e vitamina E (azeite de oliva, nozes, soja) auxiliam no combate
aos radicais livres, moléculas que podem agredir o DNA celular e levar o
indivíduo a desenvolver câncer, doenças cardiovasculares e até mesmo
envelhecimento precoce. Já o selênio (castanhas, nozes, amêndoas) e o zinco
(peixes, cereais integrais), além de também atuarem no sistema antioxidante,
possuem papel central na imunidade do indivíduo, que muitas vezes fica prejudicada
quando a alimentação é muito restritiva. O cálcio (leite e derivados, vegetais
verde escuros e sardinhas), mineral estritamente relacionado ao metabolismo
ósseo e de contração muscular, essencial para praticantes de atividade
física.
A Sociedade Brasileira
de Medicina do Esporte recomenda a ingestão de 1,2 a 1,4 g de proteína (por
dia) por quilo de peso do indivíduo que malha diariamente e tem por objetivo o
ganho de massa muscular. Para adequar esta ingestão de proteínas é importante
fazer um rodízio entre os tipos de carnes (frango, peixe, carne vermelha sem
gordura), leite e iogurtes naturais, queijos brancos, leguminosas (feijão, grão
de bico, lentilha) e oleaginosas (castanhas), a fim de manter a ingestão
adequada de todos os nutrientes e controlar a quantidade de gordura saturada e
colesterol.
Com relação ao
consumo de carboidratos deve-se priorizar o consumo dos integrais como pão e
torradas integrais, arroz integral, quinoa, cevadinha, amaranto e tubérculos
(batata, mandioca, mandioquinha, além da batata doce).
Também se deve
consumir 5 porções de vegetais por dia entre frutas, legumes e hortaliças, para
garantir o aporte de vitaminas, minerais e fibras.
Por fim, temos que
priorizar a hidratação e consumo de eletrólitos por indivíduos que buscam a
hipertrofia muscular. O músculo é composto 70% de água, ou seja, a hidratação é
fator limitante para o desenvolvimento saudável de uma massa muscular. Durante
os treinos há uma perda hídrica significativa, assim como uma perda de sais
minerais como sódio e potássio, que devem ser repostos pela alimentação pós
treino (frutas, água de coco, vegetais) ou através dos isotônicos.
Fonte: Site Minha Vida