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terça-feira, 29 de maio de 2012

IMC tem falhas

IMC não é suficiente para avaliar massa corporal

Especialista fala sobre recente pesquisa que afirma que obesidade pode ser melhor diagnosticada se também for medido o percentual de gordura do corpo


“O IMC é importante mas oferece pouco recurso de avaliação de como está a composição corporal do paciente”
Segundo a médica , a maneira mais moderna de tratar a obesidade é a avaliação da composição corporal
 
A obesidade pode ser um problema aparentemente mais grave do que se pensava, afirma um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Medicina de Nova York e da Faculdade de Medicina Weill Cornell no jornal PLoS One. Segundo os cientistas, determinar a obesidade apenas pelo Índice de Massa Corporal (IMC) é um equívoco. Considerar o porcentual de gordura do corpo seria um modo mais correto de diagnosticar o sobrepeso, o que tecnicamente aumentaria o número de pessoas consideradas obesas, de acordo com a pesquisa. A médica especialista em esporte Alana Claudia Murilo Santos, do Hospital VITA Curitiba, enfatiza o estudo e explica como é feita uma avaliação correta.

É verdade que a obesidade não pode ser calculada apenas pelo IMC?
Dra. Alana Claudia Murilo Santos: Existem várias maneiras de avaliação da obesidade. A mais básica que inicia a abordagem do paciente realmente é o índice de massa corpórea (IMC). Nele, é dividido o peso pela altura ao quadrado e assim chegamos aos valores. O indivíduo pode estar com um índice de massa corporal normal quando a taxa varia entre 18,5 à 24,9, magro ou obeso, com IMC igual ou acima de 30. O índice de massa corporal é importante mas oferece pouco recurso para avaliar como está a composição corporal do paciente. A balança me dá o peso e eu relaciono com a altura. Eu preciso ter detalhes da composição corporal, ou seja, preciso saber a porcentagem de massa magra e a porcentagem de massa gorda, apenas o IMC não proporciona isso.

Se o IMC não é um exame completo, como é feita a avaliação do paciente?
Dra. Alana: Hoje em dia, a maneira mais moderna de tratar a obesidade é a avaliação da composição corporal. Nessa composição, eu posso avaliar pelo método de antropometria que é feito pelo contato de dobras cutâneas. Uma vez medido, jogo os valores em fórmulas específicas e chego à porcentagem de gordura.

Fale mais sobre esse método.
Dra. Alana: No consultório eu posso usar esse contato de dobras, mas eu também posso usar o chamado de bioimpedância, e assim ela me dá a porcentagem de massa magra e de massa gorda. Na porcentagem de massa magra eu vou ter a quantidade de água, músculos, ossos e órgãos do paciente, e na massa gorda, a porcentagem de gordura que o paciente tem. Dessa forma, eu tendo em mãos a composição corporal do paciente, consigo uma avaliação melhor.  Dependendo da porcentagem de gordura eu posso avaliar se o paciente é obeso ou não. Num indivíduo que tenha bastante musculatura, trabalhado em academia, que tenha músculo localizado, posso colocá-lo na balança e com o IMC classificar ele como obeso. No entanto, com a composição corporal, percebo que a porcentagem de gordura dele é baixa, ele tem uma quantidade de massa magra adequada, ou seja, ele não é obeso. O IMC avalia peso e altura, a composição corporal dá a porcentagem de gordura. Assim, pelo IMC, existem indivíduos que são considerados magros. Com o IMC abaixo de 25, algumas pessoas vão ao consultório querendo engordar e descubro que o paciente é um paciente “falso magro”, ou seja, ele pode ter uma porcentagem de gordura alta, não podendo engordar. O que deve ser feito é o tratamento inverso: diminuir a porcentagem de gordura para depois aumentar o peso.

Como é medida essa porcentagem de gordura? Existe algum número pré-definido?
Dra. Alana: A porcentagem de gordura é bastante individual, mas existem tabelas. Na mulher, a porcentagem de gordura adequada pode variar de 9 a 22% e acima de 20, 22% pode ser considerada obesidade. No homem é adequado ter de 6 a 14% de gordura, acima desse valor já pode considerar obesidade.

Uma vez avaliado, como é feito o tratamento? A atividade física pode influenciar?
Dra. Alana: Depois de avaliado pelo IMC e pela composição corporal, podemos ver que tipo de exercício o paciente deve fazer para poder alcançar uma composição corporal adequada. A atividade física proporciona a queima de gordura, diminui e adequa a porcentagem de gordura corporal, ou seja, aumenta a porcentagem de massa magra do indivíduo. O legal na composição corporal, quando é repetido o exame depois do indivíduo ter emagrecido, é perceber se ele realmente emagreceu adequadamente. Às vezes o paciente emagrece e perde muita massa magra e não perde gordura. Nesse caso é preciso readequar a dieta e os exercícios físicos.

Então, os melhores métodos são o IMC e a composição corporal?
Dra. Alana: Sim, mas podem ser feitas outras avaliações. A avaliação da relação cintura/quadril que vai dar o tipo de distribuição da gordura corporal do individuo, ou seja, vou classificar a obesidade em androide e ginecoide. Uma obesidade androide é aquela que a gordura está centralizada na região abdominal, que é o chamado “gordinho tipo maçã”. Esse gordinho tem o maior risco de doença cardiovascular. A gordura ginecoide “gordinho tipo pêra” que é uma porcentagem de gordura mais localizada em regiões de coxas e quadris, chamada de gordura periférica e tem um risco menor de doença arterial coronariana. Então, na relação cintura/quadril (divisão das duas medidas) o homem tem um risco maior de doença cardiovascular com um valor acima de 0.95 e para mulheres, acima de 0.85. É nesse momento que classifico a gordura em androide ou ginecoide. Os homens tem a probabilidade maior de ter obesidade androide e as mulheres ginecoide.
Fonte: Estadão.com.br e medicando

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