Nos dias
atuais, é crescente a preocupação com relação à alimentação, sendo este fato explicado
pela estreita relação entre alimentação adequada, bem estar e saúde. Em todas
as fases da vida, a alimentação equilibrada influencia na qualidade de vida,
não sendo diferente durante o período de envelhecimento.
O
processo de envelhecimento constitui um processo gradual, que ocorre no
decorrer de muitos anos. As pessoas podem chegar aos 60, 70 anos ainda ativas,
mas podem também ser acometidas por doenças crônicas como problemas
cardiovasculares, diabetes, artrite e relacionadas às funções cerebrais como o
Alzheimer. Em todas as situações, alimentação equilibrada deve ser um grande
aliado na qualidade de vida.
As
mudanças que ocorrem ao longo dos anos no organismo humano, levam as alterações
nas necessidades nutricionais. À medida que as pessoas envelhecem, passam a
requerer menos energia (calorias) dos alimentos para manter o mesmo peso,
simplesmente porque elas não são tão ativas quanto às pessoas mais jovens.
Entretanto, suas necessidades de micronutrientes como vitaminas e minerais,
permanecem a mesma e, em alguns casos, ela é maior. È o caso, por exemplo, do
cálcio, importante para manter ossos tão fortes quanto possíveis, e o ácido
fólico para reter a acuidade mental e reduzir as incidências de derrames e
doenças cardíacas.
Além dos
micronutrientes, os adultos mais velhos, precisam ingerir água, pois neles
ocorrem maiores riscos de constipação e desidratação. Uma tarefa nem sempre
fácil, pois nessa fase da vida a maioria das pessoas, perde gradualmente, a
sensação de sede e, conseqüentemente, tendem a não beber tanto líquido quanto
precisam. Algumas pessoas idosas tendem a restringir sua ingestão de líquidos
porque sofrem de incontinência urinária.
Outro
cuidado que merece atenção especial é com relação à ingestão adequada de
fibras, porque a maioria das pessoas mais idosas apresentam problemas com o
funcionamento do intestino, em especial quando acamados, sendo importante
incluir boas fontes de fibras como feijões, verduras e produtos integrais.
Apesar do
envelhecimento ser um processo natural, o mesmo submete o organismo a diversas
alterações, entre elas a sensibilidade por gostos primários doce, amargo, ácido
e salgado. Parece haver um decréscimo na detecção e identificação do sabor
atribuído ao alimento, e isso faz com que o idoso procure concentrar mais o
sabor dos alimentos, é comum usar mais açúcar ou sal nos alimentos.
Alguns
idosos apresentam perda gradual da memória, da capacidade de comunicar e, da
capacidade física, podendo tornar-se incapaz de cuidar da própria alimentação,
na maioria das vezes essas mudanças ocorrem quando se instala um quadro de
demência, como a doença de Alzheimer. A princípio o idoso pode começar a comer
compulsivamente ou recusar a comer, podendo ignorar ou até mesmo brincar com a
comida em vez de comer. À medida que a doença evolui, o ato de alimentar
torna-se cada vez mais difícil, pela própria confusão mental, chegando ao ponto
em que o idoso passa ter dificuldades de mastigação e deglutição dos alimentos
sólidos, o que pode provocar engasgos, tosse, e até risco de broncoaspiração.
Nesses idosos é comum ocorrer perda de peso, podendo levar a um quadro de
desnutrição.
É fato
que à medida que as pessoas envelhecem, tornam-se mais vulneráveis do ponto de
vista nutricional e cabe a todos nós encararmos essas mudanças como uma tarefa
que necessita de muito carinho. Segue, abaixo, algumas dicas para auxiliar no
planejamento das refeições do idoso:
- O idoso pode estar numa fase
em que apresenta dificuldade de perceber os sabores, sendo necessário
deixar os alimentos com sabor intenso, sendo aconselhável introduzir ervas
como a hortelã, comilho, manjericão e caprichar no uso da cebola e do
alho. Nos alimentos doces, use cravo, canela e até um pouco de adoçante
para realçar o sabor dos alimentos.
- Ofereça líquido como água de
coco, sucos naturais e outros, principalmente quando o idoso estiver
bebendo pouca água.
- Inclua alimentos naturais
como frutas, legumes e verduras e caso o idoso esteja com dificuldade de
engolir faça na forma de cremes e purês como coquetel de frutas, purê de
abobrinha e outros.
- Inclua iogurte, queijos
magros, mingau e coquetéis preparados com leite para aumentar a oferta de
boas fontes de cálcio.
- Se o idoso apresentar
dificuldades em comer verduras, inclua as mesmas nas sopas e sucos como o
suco de couve com limão, outra opção é preparar receitas diferentes do
nosso dia a dia, como um delicioso nhoque de espinafre, pão de abóbora,
pastel de baroa, com certeza toda a família irá ser beneficiada com
receitas mais nutritivas.
- Prepare alimentos atraentes,
respeitando sempre a preferência de quem irá consumir, uma simples sopa
pode ficar atraente se capricharmos na variedade de legumes e no tempero.
- Coloque os alimentos em
recipientes bonitos e coloridos, o paciente, principalmente portador de
Alzeimher na fase inicial, fica mais atraído pelo alimento quando ele é
servido em recipientes com cores fortes.
- Ofereça o alimento com tom
de voz suave, transmitindo tranqüilidade, isso ajudará o idoso a ficar
menos agitado.
- Fiquem atentos às alterações
na quantidade e qualidades dos alimentos, e caso perceba que a refeição do
idoso está monótona, reduzindo na quantidade, ou o idoso apresenta alguma
dificuldade em engolir, procure ajuda de um profissional.
Concluindo,
o planejamento da refeição do idoso é uma tarefa que exige carinho e atenção,
para que o mesmo receba alimentos variados e equilibrados e possa ter uma
qualidade de vida melhor, e o grande segredo é o amor!
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